Feridas que demoram para cicatrizar não são apenas um incômodo estético — elas podem representar um problema de saúde sério, com risco de infecção, dor crônica e até amputações em casos mais graves. Pacientes diabéticos, idosos ou pessoas com má circulação frequentemente enfrentam esse desafio, e muitas vezes os tratamentos convencionais não são suficientes.
É nesse cenário que surge a Terapia Hiperbárica, um tratamento com oxigênio de alta pressão que tem se mostrado extremamente eficaz na recuperação de feridas crônicas e de difícil cicatrização.
A cicatrização é um processo biológico que depende de boa circulação sanguínea, oxigenação adequada e resposta imunológica equilibrada.
Quando um desses fatores é comprometido, o organismo não consegue regenerar os tecidos de forma eficiente.
As causas mais comuns de feridas crônicas incluem:
Diabetes mellitus (úlceras diabéticas).
Insuficiência venosa ou arterial.
Lesões por pressão (escaras).
Radiodermites (lesões após radioterapia).
Infecções persistentes ou traumas repetitivos.
Nesses casos, o tecido ao redor da ferida costuma ter baixa oxigenação, o que impede a regeneração e favorece a proliferação de bactérias.
A Oxigenoterapia Hiperbárica (OHB) consiste em submeter o paciente a sessões dentro de uma câmara pressurizada, onde ele respira oxigênio 100% puro em pressão superior à atmosférica.
Essa condição faz com que o oxigênio se dissolva diretamente no plasma sanguíneo — e não apenas na hemoglobina —, permitindo que alcance áreas onde a circulação está comprometida.
O resultado é uma oxigenação tecidual muito superior à obtida em condições normais, estimulando processos de regeneração e cicatrização.
O oxigênio pressurizado tem múltiplos efeitos terapêuticos que favorecem a recuperação das feridas:
Aumenta a formação de novos vasos sanguíneos (angiogênese), melhorando a circulação local.
Estimula a proliferação de fibroblastos e colágeno, essenciais para reconstrução da pele.
Reduz o edema e a inflamação, diminuindo a dor e o inchaço.
Potencializa a ação dos antibióticos e combate bactérias anaeróbias, comuns em feridas infectadas.
Favorece o crescimento de novos tecidos, acelerando o fechamento da lesão.
Com isso, a OHB cria um ambiente ideal para o corpo reiniciar o processo de cicatrização que estava bloqueado.
Diversos estudos clínicos mostram que a Terapia Hiperbárica acelera significativamente a cicatrização em pacientes com feridas crônicas.
Entre os principais resultados observados estão:
Redução do tamanho da ferida em poucas sessões.
Diminuição da dor e da inflamação local.
Redução do risco de amputações em úlceras diabéticas.
Melhora da resposta imune e prevenção de novas infecções.
Em casos complexos, como radiodermites e feridas pós-operatórias, o tratamento também ajuda a restaurar tecidos danificados e a recuperar áreas necrosadas.
A OHB é indicada especialmente para pacientes com:
Úlceras diabéticas e vasculares.
Feridas pós-cirúrgicas que não cicatrizam.
Lesões por radiação.
Infecções ósseas (osteomielite).
Queimaduras extensas.
Enxertos e retalhos comprometidos.
A quantidade de sessões varia de acordo com o tipo e gravidade da ferida, mas geralmente são realizadas de 20 a 40 sessões, com duração média de 60 a 90 minutos cada.
A Terapia Hiperbárica é segura, indolor e não invasiva, desde que realizada sob supervisão médica em clínicas especializadas.
Efeitos colaterais são raros e geralmente leves, como sensação de pressão nos ouvidos.
As contraindicações incluem pneumotórax não tratado e algumas doenças pulmonares ou cardíacas. Por isso, a avaliação médica é indispensável antes de iniciar o tratamento.
As feridas que não cicatrizam representam um desafio clínico e emocional para muitos pacientes. Mas com o avanço da medicina, o oxigênio de alta pressão tornou-se uma ferramenta poderosa para reativar o processo de cicatrização, combater infecções e devolver qualidade de vida.
A Terapia Hiperbárica não apenas acelera o fechamento das feridas, mas também restaura a saúde dos tecidos e reduz complicações graves, como amputações.
Mais do que um tratamento, é uma esperança real de recuperação para quem convive com feridas crônicas e resistentes.